Proteção de dados além da LGPD: uma visão estratégica com Brenno Ottoni e Andre Soares
No sexto episódio do podcast TERA TALKS, intitulado “Proteção de Dados Além da LGPD”, Brenno Ottoni, CEO da Tera Tecnologia, e André Soares, DPO (Data Protection Officer) da empresa, compartilham uma conversa franca e esclarecedora sobre os desafios e responsabilidades da proteção de dados no Brasil. Embora a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) seja o tema central, os especialistas vão além da legislação e trazem reflexões importantes sobre cultura organizacional, maturidade digital e segurança da informação.
Um dos principais pontos levantados por Brenno e André é que a LGPD não deve ser encarada como um checklist a ser cumprido, mas sim como um ponto de partida para uma jornada contínua de proteção de dados. Eles explicam que muitas empresas tratam a adequação à LGPD como um projeto com começo, meio e fim, mas, na prática, a proteção de dados precisa ser vista como um processo vivo, que exige monitoramento constante, ajustes regulares e adaptação a novas ameaças e tecnologias.
Segundo André, focar apenas na conformidade com a lei é arriscado. A organização pode até evitar penalidades legais no curto prazo, mas corre sérios riscos de imagem, segurança e competitividade caso não leve a sério a proteção de dados como parte essencial de sua estratégia de negócio.
Ambos concordam que a tecnologia, por si só, não é suficiente para garantir a segurança da informação. É preciso investir em uma cultura organizacional sólida, onde todos — do estagiário ao CEO — compreendam o valor dos dados e as suas responsabilidades na proteção deles.
Brenno destaca que a conscientização e o treinamento são fundamentais, especialmente em tempos onde ataques de engenharia social (como phishing) estão cada vez mais sofisticados. Sem um time bem preparado, mesmo os sistemas mais avançados podem ser comprometidos por falhas humanas.
Eles também abordam a importância da liderança nesse processo: quando os gestores priorizam e comunicam a importância da privacidade e da proteção de dados, os colaboradores tendem a adotar comportamentos mais seguros e responsáveis.
Outro ponto forte do episódio é a discussão sobre a tríade GRC: Governança, Risco e Conformidade. André reforça que a proteção de dados precisa estar inserida dentro do contexto maior da governança corporativa, alinhada aos objetivos estratégicos e aos riscos do negócio.
Eles argumentam que muitas organizações ainda não possuem maturidade suficiente para identificar riscos de forma proativa, muito menos agir com agilidade diante de incidentes. Para isso, é essencial adotar processos claros, políticas bem definidas, e métricas que ajudem a acompanhar a evolução da maturidade em segurança da informação.
Apesar da ênfase na cultura e nos processos, Brenno e André não deixam de destacar a importância de ferramentas tecnológicas eficazes. Soluções de criptografia, controle de acesso, monitoramento de redes, backup automatizado e resposta a incidentes são ferramentas indispensáveis para qualquer empresa que queira proteger seus ativos digitais.
Mas eles fazem questão de lembrar: a tecnologia deve ser usada de forma estratégica, e não apenas como um “remédio rápido” para lacunas na segurança. Quando mal aplicada, pode até gerar uma falsa sensação de proteção.
Ao final da conversa, fica claro que proteger dados não é apenas uma obrigação legal, mas uma oportunidade real de diferenciar-se no mercado. Empresas que investem em segurança, transparência e boas práticas conquistam mais confiança de clientes, parceiros e investidores.
Brenno Ottoni e André Soares deixam uma mensagem importante: não espere um incidente para agir. A proteção de dados deve ser preventiva, contínua e estratégica — um valor incorporado à cultura da empresa.